Prova não prova nada


Só para nos situarmos no tempo e no espaço hoje dia 19 de março de 2013 assisti uma matéria jornalística onde estudantes conquistaram a melhor nota na redação da avaliação do Enem, apesar de cometerem falhas graves de ortografia, pontuação e concordância verbal e nominal. Não estou aqui para criticá-los, pois eu também não me considero um bom escritor de textos, talvez um escritor de ideias, muito talvez. A reflexão que eu quero propor com esses acontecimentos vem de um velho argumento que trago da escola e que hoje é título desse artigo.
Prova não prova nada. Tem um bom tempo que falo isso com convicção e agora com as notícias dos erros grotescos nas provas do Enem meu argumento ganhou força, mas como refletir essa ideia?
Não podemos esperar e muito menos cobrar da educação brasileira e vai ser assim até que algum enviado divino mude a nossa realidade. Estamos em penúltimo lugar no ranking de educação mundial, atrás da Tailândia, Colômbia e México. Essa situação é triste, vergonhosa e angustiante.
E hoje, justamente hoje, dia da escola, me deparo com palavras como "Rasoavel", "enchergar", "trousse". Esses são alguns dos erros de grafia encontrados em redações que receberam nota 1.000 no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Não vou me aprofundar muito no que foi vinculado na mídia, mas quero que você analise outro fator na educação e questione a eficiência do nosso ensino de uma forma mais racional. O que acontece nas nossas escolas não chega nem aos pés do que foi vinculado na imprensa e precisamos urgentemente de medidas que mude essa atual realidade.
Todos os estudantes de ensino público e privado estuda em média 7 anos de língua estrangeira (inglês, espanhol e raramente francês). 7 anos é um tempo bom e suficiente para formar o cidadão para qualquer atividade, mas eu desconheço e digo com convicção que ninguém tem o domínio completo e avançado de nenhum idioma estrangeiro apenas com o conteúdo fornecido no ensino fundamental e médio brasileiro. A grande maioria não aprende absolutamente nada em 7 anos, faça uma avaliação individual. A justificativa para isso é a falta de adequação do ensino com a realidade e só fui compreender o meu pensamento quando me deparei com as obras do escritor Rubem Alves. Com ele aprendi que é muito difícil conviver nas escolas e principalmente nas universidades e continuar a cultivar os próprios pensamentos, nas escolas e nas universidades é mais seguro e fácil cultivar os pensamentos dos outros. Assim ao invés de ganharmos asas, ganhamos gaiolas, vivemos presos e com medo de expressar os nossos pensamentos e as nossas convicções.  A educação brasileira não é para ensinar, hoje ela é uma prisão que existe para desaprender, para engaiolar e principalmente para incutir medo e baixa auto-estima nas pessoas. Não escrevemos por medo de cometer erros, a leitura era uma obrigação e não uma forma de conectar com o mundo. Essa é a essência? O meu entender diz que a essência do ensino não é você ter todas as respostas, não é você colocar todo o conhecimento dentro da sua cabeça. A essência do ensino é desenvolver a inteligência, é provocar o pensamento, é seduzir a atenção das pessoas e principalmente dá a liberdade e conectar o cidadão com o mundo.

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