O pequeno grande príncipe


Ilustração: Rafael Valle Barradas

"O essencial é invisível aos olhos" [O Pequeno Príncipe]

Numa primeira leitura desapercebida, aparenta ser um livro infantil, porém com um olhar demorado  percebe-se um teor filosófico e poético digno de debates e reflexões.
O interessante é que O Pequeno Príncipe, muito ao contrário do Príncipe de Maquiavel, é a prova concreta de que ideias podem ser expressas de forma simples. Mesmo quando se trata de uma história que critica os hábitos e vícios da sociedade, atitudes sem sentido e que nunca são questionadas. 

O certo é que O Pequeno Príncipe é uma obra atemporal, isso se deve ao fato de que sua linguagem carregada de sentimentos também é universal. O livro é uma espécie de itinerário para a vida direcionado à juventude, através de uma viagem de conhecimento, da mesma forma que os contos de Voltaire, no século XVIII, ajudaram a florescer os ideais de liberdade e justiça.
O Pequeno Príncipe não fala somente de liberdade e de justiça, mas da própria vida. Sobre o sentido que devemos dar a ela, sobre a responsabilidade, o amor, a amizade. É a simbologia dos vínculos que reaparece a cada página, a relação entre os homens e sua ligação com o planeta e seus elementos. Saint-Exupéry fala também da necessidade de conservarmos a alma de criança para continuarmos a ser sensíveis à arte, à beleza e à pureza. O Pequeno Príncipe nada mais é que a representação do próprio Saint-Exupéry. É sua alma de criança, que cresceu sem nunca se tornar realmente adulta, vivendo no céu e nas estrelas em busca da terra dos homens, responsáveis e singulares. Quando partiu, deixou um tesouro e nos pediu com veemência, na última frase de seu livro: "Não me deixem tão triste: escrevam-me depressa dizendo que ele voltou..." 

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